Confira abaixo a edição desta quarta-feira (11):
Mateus FrozzaEconomista e professor universitário
Meus alunos da disciplina de educação financeira do primeiro e segundo ano do colégio Antônio Alves Ramos Pallotti, já sabem o que vou escrever neste artigo. Dinheiro e felicidade são situações distintas e uma situação acaba por não interferir na outra. Para os alunos, sempre digo: vocês vão conhecer pessoas com muito dinheiro e deprimidas e, ao mesmo tempo, pessoas com tão pouco e felizes.
O economista Eduardo Giannetti, em recente entrevista para o site The New Life, descreve que para pessoas cuja renda ainda é muito baixa, quase todo tipo de sacrifício é feito para se alcançar um rendimento que lhes permita satisfazer necessidades elementares e básicas. A partir de certo nível de renda, porém, o controle que a pessoa tem de seu tempo torna-se muito mais importante do que um eventual acréscimo de rendimento. Ainda é grande o número de pessoas que preferem sacrificar sua autonomia para aumentar o seu nível de renda. Mas há uma tentativa mundial de sair desse círculo vicioso de um padrão de competição, no qual as pessoas trabalham cada vez mais para gerar um nível de renda cada vez maior, e, apesar disso, não se tornam mais felizes. Giannetti na mesma entrevista desmistifica certas frases que estão no senso comum sobre ter dinheiro. A primeira, “quem tem dinheiro é porque armou alguma”, será?
Talvez essa família não “armou nada” apenas soube investir o seu dinheiro, seu patrimônio e soube gastar o que tinha e multiplicar o que venho a ter. A segunda frase, “quem tem dinheiro é muito competente”, não necessariamente é verdade, porque o dinheiro pode ter origem em uma boa herança. Ser competente é condição para manter esse patrimônio, na literatura, como nos filmes e nos programas de entretenimento, o que mais percebemos são ex-milionários. A terceira frase, “o que vale ser o defunto mais rico do cemitério”, é quase uma frase motivacional para começar a fazer loucuras financeiras agora e não planejar o futuro. Por fim, a quarta e última frase: “dinheiro não é tudo, mas é um bom começo”, essa a mais realista das frases.
Pagamos contas com dinheiro, realizamos projetos com dinheiro, o que não podemos é viver refém do dinheiro. Quem tem dinheiro é passível de fazer escolhas, quem não tem é escolhido pelo tênis mais barato, pela alimentação pior, pela casa feia, pelo chuveiro frio.
Para concluir, este artigo sobre dinheiro (escrevi tanto que estou sentindo falta dele, e vocês?), fico com os escritos de Adam Smith, que diz “A verdadeira felicidade mora mais na imaginação das pessoas e na obtenção de uma certa tranquilidade de espírito do que na satisfação ilusória da vaidade associada a níveis maiores de renda e consumo”.
Clique aqui para ler o texto de Ronie Gabbi para Plural desta quarta-feira (11).